Encontro de dermatologistas apresenta drogas pioneiras no tratamento do melanoma e novas formas de diagnóstico
A 9ª Conferência Brasileira sobre Melanoma, realizada entre os dias 18 e 20 de agosto de 2011, foi uma edição especial para médicos e pacientes que lidam com a doença. O encontro apresentou alguns dos maiores avanços dos últimos anos em relação a este tipo de câncer de pele. Entre as principais novidades estão duas drogas específicas para o tratamento de melanoma e um equipamento para diagnóstico, que consegue enxergar o tumor em tempo real. O evento acontece a cada dois anos. Esta edição foi sediada no Rio de Janeiro, no Hotel Intercontinental, em São Conrado.
Para o presidente da Conferência e tesoureiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Carlos Barcaui, as novidades simbolizaram os principais avanços no tratamento do melanoma das últimas décadas. “Tivemos no primeiro semestre de 2011 um período sem precedentes na história da medicina, no qual finalmente foram apresentadas à comunidade científica duas drogas que têm a capacidade de aumentar de fato a sobrevida de pacientes com melanomas inoperáveis ou metastáticos”, comemora.
Em março de 2011, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou o Ipilimumab para o tratamento do melanoma. O trabalho original envolveu 676 pacientes e foi divulgado em 2010 no New England Journal of Medicine. Os pacientes em uso do medicamento apresentaram uma sobrevida maior do que os pacientes em uso de vacina gp100. A via de administração é venosa e o tratamento consiste na aplicação de quatro doses com intervalo de três semanas. O tratamento ainda não está disponível no Brasil.
Outra droga, cujo estudo de fase III foi apresentado no último congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), no início de junho, em Chicago, é o Vemurafenib. Em comparação com a dacarbazina, o medicamento apresenta um aumento da sobrevida total e do tempo livre de doença, período contado desde a cirurgia diagnóstico até a recorrência local ou a distância do tumor. Só é indicada em casos que apresentam uma determinada mutação, o que representa aproximadamente 60% dos melanomas, principalmente os relacionados com a exposição solar intensa intermitente.
Mas os destaques foram além dos tratamentos. Chegou recentemente ao Brasil a Microscopia Confocal, um aparelho que permite ao médico enxergar em tempo real o que antes só seria detectado com a biópsia, resultado que levaria de sete a dez dias para ser entregue ao médico. Para o tratamento do melanoma, essa antecedência no diagnóstico é imprescindível. No Brasil, hoje, existem somente três desses equipamentos e todos se encontram em São Paulo. A boa notícia é que ele já está disponível para usuários do SUS, na Santa Casa, em São Paulo.
A Conferência sobre o Melanoma abordou ainda outros assuntos, como a pesquisa do linfonodo sentinela, a importância da terapia alvo no tratamento da doença e a nova classificação do AJCC (American Joint Committee on Cancer) para os estágios do melanoma.
Não são somente os avanços tecnológicos que estão mudando o quadro do melanoma. A consulta ao dermatologista e o diagnóstico precoce têm feito com que os casos necessitem menos da ajuda oncológica, pois, quando detectados no estágio inicial, têm mais chances de serem tratados pelo dermatologista. “O melanoma é um tumor que deve, sempre que possível, ser tratado através da cirurgia. Felizmente, é cada vez mais frequente o diagnóstico de lesões precoces, passíveis de excisão em estágios iniciais. Melanomas inoperáveis ou metastáticos até então não apresentavam boa resposta a tratamentos sistêmicos como a dacarbazina, interferon e interleucina 2. Com as novas drogas, esse quadro parece estar mudando”, complementa Barcaui.
De acordo com dados disponibilizados pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em 2000, 7,7% dos pacientes atendidos na Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele (CNPCP) foram diagnosticados com câncer da pele. Em 2010, esse número aumentou para 11,1%, representando um crescimento de 44% na incidência. No caso do melanoma, em 2000, os pacientes diagnosticados com a doença representaram 0,4% dos casos, enquanto em 2010 representaram 0,9%. Um salto de 125% na incidência. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer da pele é o mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Sua detecção precoce leva a altos percentuais de cura. Somente 31,44% das pessoas que se expõem ao sol, o fazem com proteção solar, enquanto 63,53% se expõem sem proteção.
Fonte: Portal Fator, 10 de agosto de 2011
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